Uma comissão de moradores da região da antiga fazenda Suiá-Missu foi ontem (04.08) a Cuiabá para pedir socorro às autoridades estaduais em relação às ações da Força Nacional de Segurança e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que já estão na área e começam a colocar em prática o plano da Fundação Nacional do Índio (Funai) de desintrusão de todos os não índios daquele lugar. “O povo está amedrontado. A PRF e a Força Nacional estão lá fazendo blitze, batidas, direto. Procurando armas, conferindo o documento de tudo.
Estamos com medo de que, quando a gente menos esperar, eles nos despejem de lá com truculência”, disse Américo Alves, vereador de São Félix do Araguaia (1.077 km de Cuiabá), eleito pelo distrito de Posto da Mata, onde mora. Paulo Lessa, secretário de Justiça e Direitos Humanos, que recepcionou a comitiva em nome do governo do Estado, afirmou que irá entrar em contato com a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, a fim de conseguir chegar à presidente Dilma Rousseff, considerada uma das últimas esperança dos produtores rurais em permanecer na área. “A presidente é a única pessoa que pode se sensibilizar e mudar alguma coisa”, afirmou Paulo Lessa. Segundo ele, a questão só pode ser resolvida de uma maneira favorável aos produtores a partir desse tipo de intervenção política.>>>
Essa opinião é compartilhada pelo deputado estadual José Riva. “A reserva foi criada a partir de um decreto presidencial. Não acredito que a Justiça Federal irá passar por cima disso. Então, somente a presidente para poder alterar”, comentou o parlamentar, que também esteve na reunião. Além dele, Baiano Filho e Eliene Lima também receberam os moradores do Posto da Mata.
A área é motivo de conflito judicial entre produtores agropecuários instalados na região há pelo menos 20 anos (quando não há 50) e índios da etnia xavante, que reivindicam a área como sendo tradicional terra indígena. Após um estudo antropológico da Funai, o qual é acusado pelos não-índios de ser uma fraude, a Presidência da República demarcou a região como reserva indígena sob o nome de Marãiwatsédé em 1996 e desde então corre um processo judicial que se arrasta até hoje, e no qual foi determinado liminarmente o despejo dos produtores.
Escrito por Folha do Estado/ Jardel Patrício Arruda