Um esquema milionário para desviar recursos da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), revelado nesta quinta-feira (8) pela Operação Poço sem Fundo, mostrou a participação do ex-deputado estadual e diretor administrativo da Metamat, Wagner Ramos, do ex-presidente da Companhia, Juliano Boraczynski, e a geóloga Gleice dos Santos nas fraudes que causaram prejuízo de mais de R$ 22 milhões ao Estado. 

Os desvios ocorreram entre 2020 e 2023, segundo investigação da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). Apesar dos contratos com as seis empresas preverem a instalação de poços artesianos em comunidades rurais, foi constatado que as estruturas foram construídas em propriedades privadas, granjas e até na zona urbana. Em alguns casos o buraco chegou a ser furado, mas não foram instalados os equipamentos para o uso.

As investigações começaram após uma denúncia da Controladoria Geral do Estado (CGE), que encontrou o prejuízo de mais de R$ 22 milhões nos contratos, com coordenação do esquema pelos três nomes citados nesta reportagem. Eles foram alvos de mandados de busca e apreensão, assim como outras 27 pessoas que moram em Cuiabá, Várzea Grande e Tangará da Serra (239 km a médio-norte da Capital).

Na decisão judicial que autorizou a operação foi determinado ainda a suspensão de pagamentos para as seis empresas e a proibição delas de contratar com o poder público. Além disso, os envolvidos terão os celulares e computadores verificados em busca de informações sobre o caso. 

Já os servidores públicos envolvidos foram afastados da Metamat. Eles não podem manter contato entre si, acessar a companhia e outras secretarias do Estado, tiveram os passaportes recolhidos e não poderão ser nomeados ou contratados para outros cargos na administração pública.