“Se não houvesse turismo, não haveria repercussão” diz pesquisador de ONG sobre incêndios em parque estadual
O biólogo disse que os incêndios no Pantanal têm se tornado cada vez mais recorrentes e isso é uma nova realidade, diante das mudanças climáticas
Desde o início do mês de outubro temos acompanhado o incêndio que atingiu o Parque Estadual Encontro das Águas, entre os municípios de Barão de Melgaço e Poconé, afetando mais de 16 mil hectares da região, segundo o Instituto Centro de Vida (ICV).
Em 2020, entre os meses de agosto e novembro, o Pantanal sofreu uma das maiores perdas de fauna e flora da história, onde 30% do bioma foi consumido pelo fogo, totalizando mais de 3 milhões de hectares destruídos.
Neste ano, embora a área afetada não chegue nem perto do que vimos a três anos atrás, o Parque Estadual enfrentou mais de 20 dias de incêndio, onde cerca de 40 brigadistas e bombeiros atuaram no combate ao fogo, que teve uma diminuição considerável depois que choveu na região, na última terça-feira (24). Entretanto o incêndio ainda não foi extinto e os servidores seguem realizando o combate.
Wellington Nascimento/TVCA
Durante uma reunião extraordinária da Comissão de Meio Ambiente, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Fernando Tortato Biólogo, doutor em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e pesquisador na ONG Panthera, disse que os incêndios no Pantanal têm se tornado cada vez mais recorrentes e isso é uma nova realidade, diante das mudanças climáticas extremas que estamos vivendo.
Em sua fala, Fernando disse que o atual cenário do bioma ganha grande visibilidade pois o Parque Estadual Encontro das Águas é considerado um dos principais destinos do turismo e observação de fauna em toda a américa latina. “A gente precisa ter mais seriedade com a gestão dessas áreas protegidas. Esse Parque Estadual está gerando essa repercussão porque ele é um destino turístico. Se não houvesse turismo não haveria essa audiência, nem a repercussão na mídia” afirmou o biólogo.
Para o pesquisador, o ano de 2020 foi uma tragédia para o Pantanal, mas também um aprendizado já que o poder público e a sociedade passaram a trabalhar de maneira mais coordenada e atenta a essas ameaças que o bioma vem enfrentando nos últimos anos. Entretanto, Fernando alerta que ainda não é o bastante.
“Você tem turistas do mundo todo, tem documentários sendo produzidos todos os anos, mostrando essa biodiversidade em Mato Grosso. Mas apesar de todos os avanços, temos que aperfeiçoar muito ainda e cabe ao Estado enxergar e ter ações preventivas, porque não é nada fácil combater incêndios nessa região e esses incêndios, infelizmente, continuarão a acontecer” relatou o pesquisador.
Onça-pintada acuada devido ao incêndio.
Fernando falou também sobre a importância em se criar um Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI) de forma a verificar o que e onde deve-se realizar aprimoramentos para enfrentar os incêndios de maneira efetiva nos próximos anos. “Se não trabalharmos de maneira preventiva essa mesma audiência vai se repetir em 2024 e 2025, porque estamos nesse mundo cada vez mais vulnerável devido a esses megaeventos climáticos que vem acontecendo” declarou.
CECÍLIA NOBRE
Da Redação
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